Na próxima quarta-feira, o Banco Central deve aumentar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, passando de 10,75% para 11,25% ao ano. A expectativa é compartilhada pelos principais bancos do país, mas as previsões para o próximo ano são bem mais incertas, com riscos de novas altas nos juros e um cenário econômico desafiador à frente.
As instituições financeiras projetam que a Selic deverá encerrar 2024 em 11,75%, impulsionada por uma nova alta prevista para dezembro. No entanto, o consenso atual para o fechamento deste ano não se reflete nas expectativas para 2025, onde o cenário torna-se mais complexo e divergente.
Incertezas no Horizonte Econômico para 2025
Os economistas dos bancos têm perspectivas distintas para o próximo ano. Enquanto o Santander antecipa que o ciclo de aperto monetário deve continuar até março, com um aumento final de 0,25 p.p. e a Selic estabilizando em 12,50% ao longo de 2025, o C6 vislumbra um panorama mais otimista, com uma redução gradual dos juros, terminando o ano em 10%.
Por outro lado, o BNP Paribas revisou recentemente suas projeções, indicando que a Selic pode subir mais do que o esperado. O banco espera duas altas consecutivas de 0,50 p.p. em janeiro e março, encerrando 2025 em 12,75%. Essa visão é embasada em um cenário de inflação persistente, sustentado por um mercado de trabalho ainda aquecido e políticas fiscais expansionistas, que alimentam expectativas inflacionárias elevadas até 2027.
Economia em Expansão e Pressões Inflacionárias
O crescimento econômico robusto observado no terceiro trimestre de 2024, impulsionado por um aumento no crédito e uma taxa de desemprego que caiu para 6,4% – o nível mais baixo já registrado – tem dado fôlego à atividade econômica brasileira. Entretanto, a inflação nos serviços continua alta, girando em torno de 5% ao ano. A alta nos preços de alimentos e na energia elétrica, agravada por uma seca persistente, tem mantido a inflação sob pressão.
Analistas do BTG Pactual destacam que a conjuntura atual é marcada por um tripé de atividade econômica resiliente, um mercado de trabalho sólido e uma inflação acumulada em 12 meses que ultrapassa o limite superior da meta. Para eles, as expectativas inflacionárias permanecem desancoradas, agravadas por um ambiente externo incerto.
Riscos Fiscais e Credibilidade do Governo
Outro fator que contribui para o pessimismo em torno da Selic é a trajetória dos gastos públicos. O aumento dos gastos do governo tem gerado desconfiança nos mercados, que veem isso como um risco potencial para a inflação e para a trajetória dos juros. O BTG Pactual aponta que, apesar de possíveis medidas de contenção de despesas estarem em discussão, ainda existem dúvidas significativas sobre sua implementação e eficácia.
No Santander, a economista-chefe Ana Paula Vescovi projeta que as medidas de contenção poderiam gerar um impacto fiscal entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões para 2025 e 2026. No entanto, sua credibilidade e aprovação dependem do desenrolar dos próximos meses e do compromisso do governo em manter uma política fiscal responsável.
Desafios e Perspectivas para o Banco Central
O cenário econômico brasileiro para 2025 se desenha repleto de incertezas. Com um contexto global desafiador e a política monetária dos Estados Unidos também em foco, o Banco Central terá de lidar com uma série de variáveis internas e externas para definir os próximos passos. A decisão do Copom de manter ou ajustar o ritmo de elevações da Selic estará vinculada à evolução da inflação, à credibilidade fiscal do governo e à resposta dos mercados internacionais.
Em conclusão, embora a decisão de elevar a Selic em 0,50 p.p. já seja praticamente certa, o horizonte econômico para 2025 demanda cautela. Com as projeções divergentes entre as instituições financeiras, a condução da política monetária pelo Banco Central precisará equilibrar crescimento e controle inflacionário, mantendo uma abordagem adaptável e com visão de longo prazo. A situação fiscal do Brasil e o compromisso do governo com a disciplina orçamentária serão cruciais para estabilizar as expectativas e oferecer um caminho mais previsível para a economia e os juros no país.
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